"Anoiteceu e eu lembrei-me de todas as vezes que me disseram que eu apenas estou a dramatizar a minha vida. E eu penso "Dramatizar? Dizes isso porque não és tu que estás a sentir", mas apenas permaneço calada. Talvez esse seja um dos meus erros. Ou então não. Provavelmente se respondesse, se tentasse dizer o que eu estou a sentir, não iria valer de nada.
Anoiteceu e como todas as noites passadas a vontade repentina de chorar volta e instalasse como algo que apenas tem de acontecer. E as lágrimas começam a cair. Já não sei bem porque choro. Se é porque estou deprimida, se é porque me sinto sozinha, se é porque parece nunca posso fazer nada e acabo sempre por ver os meus amigos a divertirem-se e eu acabo por ficar apenas sozinha, deprimida num mar de lágrimas e sangue, se é por nada. Olho para a mesinha de cabeceira, onde tenho a lâmina e penso em pegar nela. Com grande esforço permaneço quieta. Sei que vou acabar por pegar nela. É normalmente assim. Acabo sempre por ser fraca demais para aguentar e o "ritual" acaba por acontecer.
Anoiteceu e tudo vem à cabeça. O facto de por qualquer coisinha, que antes iria conseguir suportar, não aguentar e ter de me cortar está a dar comigo em doida, mais do que já estou. Como é que eu cheguei a este ponto? Porquê? Deparo-me agora comigo completamente frustrada a chorar.
Acho que ninguém sabe por aquilo que eu estou a passar. Gostava que percebessem que não é por sorrir que eu estou bem. Porque não estou, de todo. Mas também não quero demonstrar aquilo que estou a sentir.
Anoiteceu e cada vez mais me convenço que preciso de ajuda. Não apenas daquele que amo e que sempre recorro em momentos como estes. Eu sei que preciso de ajuda. Mas não quero pedir.
Anoiteceu e eu devia estar feliz. Não estou. "
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